segunda-feira, 20 de setembro de 2010

E AGORA, ESQUERDA, É “DILMABRANDA” OU “DILMADURA”?



A Rede Globo pecou, em abril deste ano, ao retirar do ar a vinheta de seus 45 anos (acima), porque os petistas – o riponga tardio Marcelo Branco à frente – consideraram-na uma propaganda subliminar do PSDB. Só faltava. Por esse raciocínio, ligar para Foz do Iguaçu, por exemplo, seria proibido por conta do DDD 45. Se ao leitor parece absurdo (e é) vale pela tentativa de dimensionar o que se quer impingir neste país.

Infelizmente a Globo cedeu, assim como havia cedido anteriormente a Folha de S. Paulo depois de utilizar, em editorial, o termo “ditabranda” e receber uma avalanche de protestos de petistas hidrófobos.

Ora, a definição não é nenhuma novidade, foi inserida dentro de um contexto amplo e não tinha por objetivo diminuir o significado da ditadura brasileira, apesar da contabilidade de mortos e torturados ser bem menor que em países como Chile e a Argentina. Uma prova? Vide a história de Dilma Rousseff. É fato que a organização guerrilheira a que ela pertenceu esteve envolvida em assaltos, roubos e assassinatos. Ainda assim, Dilma cumpriu pouco mais de dois anos de prisão, para depois ser libertada, terminar a faculdade e iniciar sua carreira longeva no serviço público.

E, no entanto, a Folha achou por bem se retratar, no que também errou. O Movimento dos Sem Mídia (MSM), que foi até a sede do jornal para protestar, era uma ficção lulo-petética. De tal forma que evaporou-se tão logo conseguiu seu intento.

O outro lado da moeda é que, enquanto batia na mídia, o PT aproveitava-se sub-repticiamente para produzir propagandas políticas escancaradamente eleitoreiras, que receberiam multas irrisórias por parte da Justiça Eleitoral, sem afetar os seus reais objetivos: vender a candidatura de Dilma Rousseff.

Paralelamente, Lula tratou de inaugurar obras inacabadas, buracos de asfalto e PACs do Oiapoque a Chauí, levando a tiracolo aquela a quem entregou a missão de sucedê-lo. Diga-se, sem consultar as bases do partido, que isso é coisa do passado e de um anacronismo atroz.

Dito isso, vale o debate sobre um eventual governo Dilma. E eu espero, sinceramente, que Marcelo Branco – o riponga que caiu do caminhão de mudança vindo de Woodstock – nos esclareça, através das rede sociais, se teremos um governo da “Dilmabranda” ou da “Dilmadura”. Pode ser em 140 caracteres mesmo, já que seu intelecto não vai além.

Se for o caso, recorra aos intelectuais uspianos ou aos cientistas políticos dos quatro cantos do país, que se apressaram em disparar artilharia pesada contra o termo “ditabranda”, sem dimensioná-lo no seu contexto. E vale aqui refrescar-lhes a memória, reproduzindo trecho do editorial da Folha:

Mas, se as chamadas “ditabrandas” - caso do Brasil entre 1964 e 1985 - partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça -, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.


Resta saber o que surgirá do ovo da serpente, caso Dilma saia vencedora nas eleições: a "ternurinha" ou a "tremendão"?

Então, como vai ser? O que surgirá do ovo da serpente, caso Dilma Rousseff receba a faixa presidencial em 1º de janeiro de 2011? O plano de governo “hard” que a petista enviou sem ler ao TSE ou o “light”, sem as aberrações contidas na primeira versão? E quanto a José Dirceu, o seu discurso traduz o pensamento do que será o novo governo? Se a resposta for afirmativa, preparem-se cordeiros porque o lobo gostou da carne.

P.S.: No ápice do emburrecimento planejado, não causa espécie o presidente Lula acusar a imprensa de se comportar como partido e ter candidato. Ora, para um governante que se comporta de tal maneira que, a um observador, dá a impressão de que toda a população brasileira é filiada ao PT, a estranheza é recíproca. Apesar de sua popularidade, e popularidade, já se viu, não é tudo, Lula não aprendeu o rito básico do que significa ser o presidente de uma Nação e governar para todos, inclusive para os adversários. Conviver com o contraditório nunca foi mesmo a praia do petismo. Quanto à imprensa, está onde sempre esteve. Na oposição. É da democracia.

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